O fato de o governo já ter prorrogado o benefício antes deixa o consumidor descrente
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor automobilístico deve acabar mesmo no fim deste ano, conforme prevê o decreto do governo. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou nesta quinta que a decisão do governo é que o decreto será mesmo cumprido. Ele revelou que já teve algumas reuniões com o governo após as eleições, e que “o posicionamento do Executivo é claro: a partir de janeiro, terá aumento do IPI”.
Com o fim do benefício, a perspectiva do setor é que as vendas em dezembro, que já têm o reforço extra do 13º salário, sejam ainda melhores. Entretanto, o reflexo pode não ser tão intenso, em decorrência das constantes prorrogações, segundo o diretor administrativo da Tecar Fiat em Belo Horizonte, Rafael Sartori. “Antecipação de vendas sempre ocorre quando se fala em volta do IPI. Afinal, ninguém quer pagar mais caro. Só que, quando um fato acontece repetidamente, ele acaba perdendo a credibilidade”, observa, referindo-se às vezes em que o governo prorrogou, na última hora, o benefício fiscal.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Moraes Filho, o fim da redução do imposto é uma má notícia para o setor, mas que já é esperada. “É praticamente uma morte anunciada”, diz. Para ele, com o término do benefício, a opção para muitas concessionárias para continuar vendendo será reduzir a margem de lucro. “Só que há um limite”, frisa.
O vendedor da Jorlan Chevrolet em Belo Horizonte, Walace Rezende, também aposta em aumento das vendas em dezembro, com o término da desoneração do IPI. “O consumidor quer aproveitar as condições melhores”, diz.
Layoff. O presidente da Anfavea também informou que o setor continua negociando com o governo a ampliação do período de layoff (suspensão temporária de trabalho) no Brasil. De acordo com ele, a proposta é de que o prazo seja estendido dos atuais cinco meses permitidos pela lei para até dois anos. As grandes montadoras do país já adotaram essa medida nos últimos meses. (Com agências)
Sem chance
Razão. A presidente Dilma Rousseff não poderá mais editar medida provisória para conceder isenção fiscal por estar em fim de mandato. A possibilidade de um projeto ser aprovado é pequena.
Exportações continuam em baixa
US$ 931.810 milhões
foram exportados pelo setor automotivo brasileiro em outubro
É uma alta de 0,9% na comparação com setembro
Recuo de 42,3% ante outubro de 2013
US$ 9.848.288 bilhões
foram exportados de janeiro a outubro, queda de 29,9% ante igual período de 2013 (inclui veículos e máquinas agrícolas)
Explicações
O recuo na produção reflete a baixa nas vendas e nas exportações, sobretudo com a crise econômica da Argentina, principal cliente externo das montadoras brasileiras. Em outubro, as vendas de veículos no país vizinho caíram 40% em relação ao mesmo mês de 2013. Assim, exportações de carros, caminhões e ônibus no Brasil tombaram 54,6% na mesma comparação, maior percentual registrado para um mês de 2014
Melhora depende do avanço da renda, afirma economista
São Paulo. Com previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de queda de 5,4% nos licenciamentos em 2014, o crescimento da venda de veículos no Brasil depende principalmente do aumento da renda per capita, avaliou o economista do Itaú Caio Megale, em fórum que discute o futuro da indústria automobilística.
Segundo ele, para isso é necessário que o governo federal promova mudanças. Para justificar sua defesa, Megale mostrou um gráfico do Fundo Monetário Internacional (FMI), indicando que quanto maior o PIB per capita de um país, maior o número de carro por habitante.